quarta-feira, 16 de setembro de 2009

1ª assembléia da ANEL em São Paulo

Quarta-feira, 16 de Setembro de 2009


por Camila Lisboa e Rafael Nunes, da Comissão Executiva da ANEL

Os dias 12 e 13 de setembro de 2009 ficarão marcados na memória do movimento estudantil brasileiro. A jovem Assembléia Nacional dos Estudantes – Livre! (ANEL), entidade estudantil recém fundada no Congresso Nacional dos Estudantes, realizou nessa data sua 1ª Assembléia Nacional.
Quase 400 estudantes presentes de todas as partes do país puderam presenciar essa primeira reunião da nova entidade. Marcada por debates, votações e muito entusiasmo, a Assembléia Nacional definiu os primeiros passos a serem dados pela ANEL.
A sede do DCE da USP, conquista da luta dos estudantes, foi o palco dessa histórica reunião. O amplo espaço do Centro de Convivência dos Estudantes pode ouvir novamente os debates, as palmas, os risos e as palavras de ordem, bem parecidas com as assembléias já realizadas naquele local.

“Vamos chegando, derrubando barreiras”

As primeiras delegações chegaram ainda na sexta-feira (11/04), um dia antes da abertura oficial da Assembléia. Foi o caso de alguns estudantes que vieram de Belém do Pará, enfrentando dois dias de viagem e mais de 2400 Km de estrada.
Mas nem chegaram a descansar. Os estudantes pegaram no pesado e ajudaram na limpeza do DCE da USP e na organização dos materiais da reunião. “Foi muito gratificante receber a ajuda de estudantes de outros estados na organização dessa primeira reunião e ver que a ANEL é fruto de um esforço coletivo de estudantes de todo país. Diferentemente da UNE, é uma alternativa independente que não recebe dinheiro do governo para financiar suas reuniões e encontros e por isso são os estudantes mesmo que tem que por a mão na massa.”, disse Lucas, estudante de arquitetura e diretor do DCE da USP.

“Não sou capacho do governo federal! Sou estudante Livre da Assembléia Nacional!”

O dia 12 de setembro começou bem cedo. Ainda nem tinha sol e estudantes de várias partes do país já começavam a se acomodar no DCE da USP. Em poucas horas, colchonetes e barracas já ocupavam o espaço destinado ao acampamento dos estudantes.
Na fila do credenciamento, os diferentes tipos de sotaques demonstravam a representatividade nacional da reunião. A delegação dos estudantes baianos, que chegaram em um ônibus lotado, era uma das mais animadas: “Sorria, sorria, a ANEL ta na Bahia!”.
Já eram quase 11 horas quando finalmente se deu início à Assembléia Nacional da ANEL. Júlia, estudante de letras e diretora do DCE da USP deu as boas vindas a todos os presentes e conformou a mesa de abertura da reunião, repleta de entidades dos movimentos sociais.
As falas dos representantes dos movimentos sociais deram o tom do debate a ser feito naquele primeiro dia de reunião:
Atnágoras, representante da Conlutas (Coordenação Nacional de Lutas, entidade a qual a ANEL é filiada), alertou para a necessidade de lutarmos ombro a ombro com os filhos dos trabalhadores e com os milhões de jovens brasileiros que não tem acesso à universidade pública.
Jota, representante do MTST (Movimento dos Trabalhadores sem Teto), falou sobre a necessária unidade entre os operários, os estudantes e os movimentos sociais;
Zago, representando o ANDES-SN (Associação Nacional dos Docentes do Ensino Superior – Sindicato Nacional), disse que a luta contra o REUNI ainda não acabou e que a ANEL podia contar com o ANDES nessa luta.
Laura, representando a oposição petroleira de Campinas-SP, disse que a luta pelo Petróleo é, antes de tudo, uma luta para que as riquezas naturais do nosso país sejam colocadas a serviço dos interesses do nosso povo e não do capital estrangeiro.
Dirceu Travesso, representando o ELAC (Encontro Latino-Americano e Caribenho de Trabalhadores), relatou a emocionante experiência da resistência Hondurenha e alertou para a necessidade da criação de uma consciência classista e internacionalista entre os estudantes.
Aníbal, representando o SINTUSP (Sindicato dos Trabalhadores da USP), falou sobre a necessidade de unificar as lutas dos estudantes e daqueles que trabalham na universidade – professores e funcionários.

“Gente jovem reunida”

Logo após as falas da mesa, o merecido almoço. A estrutura do bandejão da USP serviu de refeitório para os estudantes. Além disso, o DCE da USP e a ANEL organizaram uma “mini-cantina” vendendo lanche aos estudantes para arrecadar dinheiro. Tudo muito diferente dos encontros da UNE, financiados pelo governo federal. Na Assembléia Nacional da ANEL tudo foi financiado com dinheiro dos próprios estudantes, que contribuíram com R$ 3 na inscrição dos delegados e observadores.
Na volta do almoço, os estudantes se dividiram em quatro grupos de discussão que debateram os temas abordados pela mesa e também as campanhas que a ANEL irá encampar nesse primeiro semestre de existência da entidade.
As discussões foram muito produtivas. Ao final de três horas de discussão em grupo, os estudantes voltaram a se reunir em uma plenária que votou nas diversas propostas vindas dos grupos de discussão.
Nessas propostas, a ANEL reafirmou seu programa votado no Congresso Nacional dos Estudantes: a construção de uma entidade estudantil independente do governo e reitorias que faça a luta em defesa dos direitos dos estudantes junto a uma luta que vise construir um novo projeto de sociedade em unidade com a classe trabalhadora e os movimentos sociais.
Nesse sentido, os estudantes aprovaram a construção de um projeto de lei que sintetize um programa para a expansão das universidades, em contraposição aos projetos do governo Lula, dentre muitas outras resoluções.
Já era noite quando os estudantes terminaram o primeiro ponto da Assembléia e, logo após o jantar, iniciaram a Plenária de Opressões que unificou a discussão sobre a necessidade de combate ao machismo, racismo e homofobia no interior do movimento estudantil. A plenária estava cheia e contou com várias falas de estudantes que refletiram a necessidade de organizar os setores oprimidos no interior da nova entidade.
No dia 13 de setembro, foram feitas as discussões sobre a organização da ANEL. Em um primeiro ponto, logo pela manhã, os estudantes discutiram a necessidade de organizar a ANEL em cada estado para garantir que a nova entidade pudesse se enraizar na base do movimento estudantil. A partir de uma proposta apresentada pelo DCE UFMG, os estudantes decidiram organizar Assembléias Estaduais que reproduzissem a discussão feita nessa Assembléia Nacional, mas também que aprofundassem a discussão, a partir da realidade de cada Estado. “É preciso que nós consigamos sair dessa reunião muito vitoriosa e reproduzir reuniões como essa em cada Estado. A ANEL tem que cumprir o papel que a UNE deixou de cumprir, que é o de organizar a luta cotidiana dos estudantes e só vai conseguir fazer isso se estiver organizada na base do movimento estudantil.”, disse Wardill, estudante de biologia e diretor do DCE UFMG.
Antes ainda do almoço, os estudantes definiram a Comissão Executiva da ANEL. Essa comissão reúne aqueles que ficarão responsáveis por organizar as campanhas votadas pelas Assembléias Nacionais e auxiliar no processo de construção da ANEL em cada estado. Em um clima de muita animação, o plenário saudou os 19 estudantes que comporão a Comissão Executiva cantando palavras de ordem e tirando muitas fotos.
Para finalizar a Assembléia, os estudantes ainda votaram nas resoluções que ficaram pendentes do Congresso Nacional dos Estudantes, complementando o programa da ANEL.

Está nascendo um novo movimento estudantil!

A primeira Assembléia Nacional da ANEL surpreendeu a todos pelo seu tamanho e representatividade. Estavam representadas nessa primeira reunião da nova entidade, diversas lutas do movimento estudantil de todo o país. Desde a luta dos estudantes gaúchos para derrubar a governadora do Estado, Yeda Crusius, até a luta dos estudantes paraenses contra o corte de vagas na Universidade do Estado do Pará (UEPA).
A reunião refletiu uma outra prática de movimento estudantil, há muito abandonada pela UNE. Com delegados eleitos em suas bases, a Assembléia Nacional refletiu uma ligação ampla com a base do movimento estudantil e um método democrático de construção das decisões da nova entidade. Não é só uma reunião de diretoria, distante e sem nenhuma significância para os estudantes, mas uma reunião que reúne estudantes de todo o país que ajudam a decidir os passos que a ANEL deve tomar.
Terminada essa primeira Assembléia Nacional, se inicia o período de construção da ANEL enquanto uma alternativa para o movimento estudantil brasileiro.
Apenas começamos a trilhar o caminho de construção de um novo movimento estudantil, síntese das práticas construídas, e depois abandonadas, pela UNE - como a luta ao lado dos trabalhadores e a independência política e financeira das entidades estudantis -, e das práticas do movimento estudantil que se levantou a partir de 2007 e ocupou as reitorias das universidades contra os projetos do governo, um movimento que decidia seus rumos através de assembléias de base democráticas.
Fazemos um chamado a todas as entidades do movimento estudantil para virem construírem conosco essa alternativa.

3 comentários:

  1. Os sintomas mais graves e constantes da mentalidade revolucionária são, como já expliquei, a inversão do sentido do tempo (o futuro hipotético tomado como garantia da realidade presente), a inversão de sujeito e objeto (camuflar o agente, atribuindo a ação a quem a padece) e a inversão da responsabilidade moral (vivenciar os crimes e crueldades do movimento revolucionário como expressões máximas da virtude e da santidade). Esses traços permanecem constantes na mentalidade revolucionária ao longo de todas as mutações do conteúdo político do seu discurso, e é claro que qualquer alma humana na qual eles tenham se instalado como condutas cognitivas permanentes está gravemente enferma.
    http://cavaleirodotemplo.blogspot.com/

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  2. Todo militante ou simpatizante comunista é cúmplice moral de genocídio, tem as mãos tão sujas quanto as de qualquer nazista, deve ser denunciado em público e excluído da convivência com pessoas decentes. A alegação de ignorância, com que ainda podem tentar se eximir de culpas, é tão aceitável da parte deles quanto o foi da parte dos réus de Nuremberg. É uma vergonha para a humanidade inteira que crimes desse porte não tenham jamais sido julgados, que seus perpetradores continuem posando no cenário internacional como honrados defensores dos direitos humanos, que partidos comunistas continuem atuando livremente, que as idéias marxistas continuem sendo ensinadas como tesouros do pensamento mundial e não como as aberrações psicóticas que indiscutivelmente são. É uma vergonha que intelectuais, empresários e políticos liberais, conservadores, protestantes, católicos e judeus vivam aos afagos com essa gente, às vezes até rebaixando-se ao ponto de fazer contribuições em dinheiro para suas organizações.
    http://cavaleirodotemplo.blogspot.com

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  3. Útil:
    http://www.youtube.com/watch?v=VKpcr0EtZZg

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